a primeira colaboração - ANJOS


Com muita alegria anunciamos a primeira colaboração no blog! 

Quem nos agracia com sua arte é a Vera, a tia Vera! 

Vera, professora, mulher de muitas artes, apaixonada por música, literatura, teatro, cinema, viagem...

Elegante, exigente e de um grande coração que abre agora através de um dos tantos poemas que escreveu e que segue criando.

Como tia, mostrando sempre o belo de todas as artes e das viagens que fazia, se tornou uma referência em diversos aspectos da minha vida. Ela é também a responsável pelo amor ao cafezinho, sempre nos levando em alguma cafeteria, assim a gente foi tomando o gosto!

Tia, agradecemos pela confiança e por estar conosco nesta jornada! 

 

Anjos


Pequenina, intrigava-me o rádio…
Como era possível alguém estar dentro de algo tão diminuto
e falar?
E cantar?
Intrigavam-me as nuvens brancas e suas cirandas…
Acreditava piamente que indo até elas
poderia cavalgar em suaves corcéis de algodão,
encontrar a morada dos anjos de alvas asas,
sempre prontos para nos socorrerem incontinenti…
Imaginava também ver, lá de cima,
o todo deste incomparável Planeta:
mares, montanhas, florestas, cidades, jardins…


Hoje, com maior sensibilidade frente a intensa claridade,
por vezes observo ainda as nuvens preenchendo,
com suas asas líquidas,
o azul do infinito…
Constato “caixas” muito mais minúsculas que as de outrora,
reproduzindo fantástica e perfeitamente
todo e qualquer tipo de som…
(continuo pouco entendendo de Física)
E encontro cá embaixo outros tipos de anjos pelo caminho:
os que amam e iluminam,
os caridosos e solidários,
os que constroem o belo,
os que vivenciam o bem… São muitos.
Todavia, nestes funestos dias que vivemos,
os anjos que mais constato entre nós
são por todos – suponho – facilmente reconhecidos.
Eles usam máscaras, luvas, aventais… (EPIs).
São milhares, alocados em hospitais,
postos de saúde, laboratórios, ambulâncias…
Em árdua labuta, muitos sacrificam seus convívios familiares,
suas saúdes, suas vidas.
Encaram luta incessante contra um inimigo invisível,
perigoso e muitas vezes mortal…
Com seus desempenhos – e empenhos -
afagam a vida machucada na Terra,
cuidando com zelo de quem, isolado,
é vítima da dor.


São eles os verdadeiros ANJOS que hoje
reconheço e elejo.
Diante de tanto esforço e grandeza,
de seus profissionalismo e dedicação,
de seus cansaços,
rogo ao Senhor do Universo
que continue dando força e proteção
a este exército de anjos não alados!
Rogo-lhe, também, a Sua piedade para com o nosso aturdido Planeta.
Rogo-lhe, a par de Sua graça sem fim,
que eu possa continuar a observar a dança das nuvens,
a apreciar os sons da natureza e das criações do homem,
a encontrar sempre “anjos” pelo caminho
e, humilde, tudo fazer para vivenciar e merecer
a identificação de algum dos traços deles em mim…


Quanto a estes “nublados” tempos,
estas intermináveis horas,
estas acinzentadas cores,
esta agonia…
Oxalá que tudo logo se “transforme”
em verde, lilás, amarelo, azul
e volte a “luminosidade” dos dias,
a normalidade das horas,
a alegria!
 

    Vera Helena da Fonseca

 


Comentários

  1. Da infância aos dias atuais lança um olhar alargado sobre a situação atual em uma belíssima homenagem aos anjos "de luvas e vestes brancas",como clamor de esperança em dias sem obscuridade pandêmica.

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